segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um encontro com a morte.



Antes mesmo que se possa falar sobre recomeçar, antes mesmo que se possa reiventar ideias construtivas deve-se prezar o sofrimento para se alcançar seus desafios.




E a morte me seria a melhor delas.




Ah! Morrer parece uma palavra tão estranha, embora com significados tão tristes: Mudar, ir para outro lugar, passar dessa para melhor - ou até mesmo pior.




E o meu erro foi querer experimentar essa droga ofuscante capaz de transformar os mais quietos em seres obscuros e os mais temíveis em fervorosos. Ah! Esse nome que mexe com as crenças de todos os países, as mentes dos criminosos, as ideias dos suicidas, os amores ilusórios.




E o experimento mexe profundamente com qualquer um. Morrer trás mudanças e cada vez mais sofredoras. Passar pelos oito sistemas que regem o universo e parar em uma sala escura onde a luz que te ilumina é a luz dos seus problemas.




Ou melhor, da sua reflexão.




E na primeira pergunta eu padeço no erro:


-O que você achou de sua experiencia com a vida? Se é que sua vida se resume a mais do que coma, medo e amor. Qual é o porquê dessa resignação com o seu passado ou com quem te criou já que você é fruto e provavelmente igual ao que você chama de desgraça?




Enfrentar a solidão e as duras reflexões da morte é reviver cento e cinquenta vezes e em todas elas martirizar pelo perdão. É criar barreiras profundas de tristeza e tentar esconder o que você realmente é.




E no final achar uma luz que sai de uma janela no canto direito do quarto. Abrí-la e ao passar sentí-la esmagando seu ventre da mesma forma que você esmagou as pessoas em volta de ti. Sim, eu odiaria pensar em como causei isso tudo.




No final então saio feliz, embora machucada, meus órgãos indispensáveis a sobrevivência humana estão fraquejando, seu funcionamento já não tem raízes e meu respirar pestaneja por mais um minuto de sossego.




Eu ainda não morri, mas estou perto de desfalecer.




Lágrimas escapam de meus olhos e sua risada se faz presente no meu único órgão que ainda funciona, posso ver a morte me consumindo e ah! Morrer é pior que ser um carraspana em noite lúcida de verão. Morrer é criar marcas no abismo e decair duzentas vezes antes de ter certeza que pode piorar.




E sofrer é queimar as víceras no odor das breves desvaneias, no soluçar de uma mãe, na tristeza de um depreciado e nas olheiras sem dormir de uma criança febril.




É então fechar os olhos como forma de perdão e perceber que pode haver melhora, que pode haver uma mudança inexplorável, a redenção eterna.




É saber pedir silêncio, acalmar a voz do coração, congelar os desvaneios. É ter misericórdia para com os outros, aceitação com os seus erros e saber melhorar.




É perceber que qualquer ser pode transformar suas ações, curar o físico (embora o psicológico nunca esqueça das cenas deploráveis pelo qual passastes). É chorar não pelo desânimo, mas pela infinita certeza de alegria, da chuva que percorre o seu novo corpo.




E na pessoa que agora você pode se tornar.




Não menosprezo as dores que sentirás com essa mudança, nem porquanto a solidão que por um momento terás, mas não machucará muito mais do que você teve que passar para chegar até aqui. Para colar as partes do seu coração, para lembrar que foi preciso mudar e que talvez, tenha valido a pena.




Sassá.



Um comentário:

  1. Morrer é uma droga, porém nem todos podemos experimentar a 2ª dose...
    Amei! :D

    ResponderExcluir